O preço da carne em Mato Grosso do Sul caiu 6,10% entre os meses de junho e julho de 2017 graças ao aumento nos estoques provocado pelo embargo norte-americano. Por estar mais em conta, o produto reassumiu o protagonismo na mesa dos consumidores, já que ele estava sendo substituído por cortes de frango e porco para não pesar no bolso das famílias.
Conforme o Nepes (Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Uniderp), a crise também favoreceu o excesso de carne no varejo em razão dos índices de desemprego, que por sua vez afetaram o poder de consumo.
Dados divulgados pela instituição mostram que se comparados os preços do mês de julho deste ano com o mesmo período em 2016, a redução é ainda maior: 8,68%.
Porém, a alegria dos consumidores deve durar pouco diante da expectativa da retomada das importações pelos Estados Unidos e outros países. Além disso, a entressafra este ano deve ser rigorosa. Com pouco pasto, os produtores deverão investir em insumos para complementar a alimentação dos animais, encarecendo o custo de produção que deve ser repassado ao consumidor.
O frango, importante substituto da carne bovina em períodos de preços altos, ficou 5,45% mais barato em julho de 2017 em comparação com o mesmo período do ano passado. Neste ano, entre junho e julho houve redução de 1,19%.
Criatividade – Mesmo com preços mais caros, os sul-mato-grossenses não tiram completamente a carne do cardápio, mas fazem reduções significativas nas quantidades do produto que levam para casa e se adaptam às condições do mercado para não prejudicarem o orçamento doméstico.
A funcionária pública Darlene Pereira Mendes, 57 anos, aproveitou o período em que a carne estava mais cara para deixar a alimentação mais saudável inserindo frango, verduras e legumes nas refeições.
“O brasileiro tem essa habilidade de conseguir driblar a crise financeira, mas não deixa de consumir”, pontua.
Contudo, a família não abriu mão dos churrascos no fim de semana e a economia semanal ajudou a garanti-los. “Eu tenho um genro gaúcho e o Dia dos Pais vai ser comemorado na casa dele. Com certeza o churrasco vai estar presente”, completa.
O pedreiro Roberto Carlos Rodrigues Moura, 46 anos, adotou uma estratégia diferente. Nos períodos em que o preço da carne atingiu os valores mais elevados, ele tinha estoque do produto em casa. Contudo, para não esgotar tudo de uma vez, ele comprou mais frangos e carne de porco para complementar o cardápio.
“O churrasco a gente manteve. Normalmente reúno os amigos em casa e a gente faz uma vaquinha e divide o preço da carne ou cada um traz um pouco. Agora com o preço mais baixo o Dia dos Pais vai ficar ainda melhor”, pontua.
Luiz Carlos Victor da Silva, 49 anos, é dono de um açougue na Avenida das Bandeiras. Ele comenta que o movimento no estabelecimento caiu nos últimos meses e os clientes fiéis reduziram a quantidade de carne e passaram a comprar mais frango para driblar a crise. “As pessoas já voltaram a comprar carne normalmente”, completa.
Fonte: www.campograndenews.com.br